domingo, 20 de março de 2011

AUTOANÁLISE

AUTOANÁLISE
Com quarenta
eu ganhei mais pálpebras, buço, graxinhas, dobras, lições, um tantinho de cinismo e outro de paciência, mais um número de calça, mais amorosidade e muitas saudades..
perdi muito do que não custa perder e todas as membranas frágeis da infância...
sinto saudades: do Pedro Bial em prosa e verso, do verão, do meu cabelo comprido, do Henfil, de Jorge Amado, do Vinícius de Moraes, da missa de Santo Antônio, do português antes da reforma, de largatear e de todas as pessoas que sabem o que é isso, das mãos dadas pela primeira vez, do primeiro abraço, do primeiro beijo, das crianças pequenas, do doce de leite da minha avó...
e aprendi somente que custa, custa muito aprender, e que o agora é uma perigosa armadilha que pode acabar em saudade..